quinta-feira, 28 de abril de 2011

I got a job

Não me lembro bem como tudo começou. Foi um sonho com imagens escurecidas no começo, como se eu estivesse vivenciando tudo de noite e com os olhos semicerrados. Eu estava em casa, aqui onde fica o computador, falando com alguém, que variava entre ser o Vander, o Turin ou o Cebolinha da Turma da Mônica. Na conversa era um deles, eu e o Lorenz. Eles vieram todo empolgados me convidando pra sair, ir no cinema, na noite daquele mesmo dia. Queriam ver dois filmes, um seguido do outro e insistiram tanto que eu topei, mesmo não tendo dinheiro e não estando nem um pouco a fim de sair de casa.

O dia passou, literalmente num piscar de olhos, e ninguém se mexia nem falava nada pra ir no cinema. Fiquei quieta e não falei nada também, já que eu não tava a fim. De repente aparece o Lorenz na tela no meu computador, imagem fullscreen igual quando os pais do Raj aparecem no seriado The Big Bang Theory. Ele tava visivelmente chateado e começou a contar que tinha ido na Delegacia do Sitio Cercado com toda a turma de Direito dele, mas no fim das contas nem tinha mais a vaga de estágio. Fiquei triste por ele e então ele diz: e o nosso cinema hoje heim, ficou só no papo, ninguém quer ir se reencontrar mesmo. Pra não deixar ele mais triste comecei a falar que não, que não tava cancelado, só adiado umas horas e tal.

Raj falando com os pais.


Foi quando eu notei que usava uma blusa de moletom azul escura, levemente desbotada, dessas tipo canguru, com capuz atrás. Na barra da blusa apareceu uma palavra escrita em giz, não lembro qual, mas surgiu sozinha, depois da minha justificativa esfarrapada. E quando mais desculpas eu dava, mais palavras surgiam na blusa, até que comecei a ficar com medo.

Felizmente o Lorenz mudou de assunto, disse que lá na Delegacia tinha uma vaga que ia me interessar: era uma vaga pra Biólogo, mas que ninguém conseguia ficar mais que dois meses nela. Era pra uma pesquisa sobre a importancia do diálogo e como utilizá-lo com pessoas idosas. Basicamente eu entrevistaria velhinhos enquanto passeava com eles no táxi da delegacia, cujo motorista ia vestido de papai noel e ouvindo alguma musica da moda.


Precisa de um táxi?

O Lorenz disse que tinha me recomendado lá e eles estavam esperando meu retorno. O salário era 670 reais mais VT. No inverno ele aumentava 50 reais e depois de não sei quanto tempo de trabalho ele subia pra 9000 e depois pra 13000. Fiquei em dúvida, porque eu tava de olho em outra vaga, que tinha mais benefícios, como plano de saúde, mas decidi pegar essa da minha área mesmo. Fui no site cadastrar meu currículo, mas não eu não tava conseguindo, então decidi ir na delegacia na manhã do dia seguinte.
Nunca tinha ido para o Sitio Cercado e minha mãe foi junto. O Turin me disse que era bem legal lá, porque no terminal o onibus fazia a curva bem grudado com o vidro de um carrinho de pipoqueiro e se você fosse esperto conseguia agarrar um monte de saquinhos de pipoca. Cheguei lá, sem passar pelo pipoqueiro, e minha mãe pediu informação pra um grupo de adolescentes meio emos. Eles apontaram a rua que eu tinha que ir, mas miha mãe ficou braba porque ela disse que era a rua de onde a gente tinha vindo. A garota que deu a informação ficou revoltada porque tava ajudando e foi embora.

Só que do lado da rua qua  gente tinha vindo habia outra rua, era um morro feito de pedra e coberto com uma lona acinzentada, não muito visível. Minha mãe ficou com vergonha por ter dado piti e fomos lá. No meio do caminho apareceu um senhor meio ruivo, com barriga de chopp, usando chinelo e bermuda e uma camiseta verde desbotada. Ele começou a me perguntar onde eu tava indo, o que eu ia fazer e eu ia respondendo. Dai ele contou que pra trabalhar no táxi tinha que ter paciência com o papai noel, virar bem amiga dele pra não ter atritos e tal. Fui concordando com tudo e ele disse: que bom! Então está contratata! Eu sou o delegado, mas estou com problema de bexiga e dai é ruim fazer a entrevista formal, então fui fazendo essas perguntas no caminho mesmo, já que fui com sua cara.

Nossa, fiquei muito feliz! Chegando na delegacia, parecia mistura de bar com puteiro, mas mesmo assim era um clima legal, bem descontraído. O delegado perguntou se eu podia começar semana que vem e eu disse que ia ver, porque era meu primeiro emprego de Bióloga e precisava me cadastrar no CrBio. Fui apresentada ao papai noel, que era magro com cara de bêbado e ficava ouvindo música com fones de ouvido. Ele me ofereceu os fones pra ver se eu gostava das músicas e era aquela que só fica no Tu tururu tururururururu, na gaita acho, a Dje sabe qual é.

E dai acordeeei!

Detalhe: no meio desse sonho teve um outro, completamente insano. Eu era um filhote de algum animal parecido com cruza de cachorro do mato e raposa vermelha. Eu e minha mãe (mãe bicho, não de verdade) fomos capturados e levados pra uma casa onde uma mulher criava um monte de animais selvagens. Minha mãe era o maior carnivoro de lá e ficava intimidando os outros menores pra não me incomodarem. Então eu não era mais o bicho e tava só assistindo os acontecimentos. A mulher comprou outros carnívoros, maiores, que acabaram machucando a mãe. O filhote precisava mamar, mas não tinha ninguém pra alimentar ele, porque a mulher não ligava e ia deixar ele morrer mesmo. Então o filhote, junto com vários amiguinhos bichinhos pequenos (esquilo, topeira, lagartixa) fugiu pra um parque, onde um senhor bondoso ordenhava os pêlos de um texugo pra tirar leite. Só que era assim: o filhote ficava em baixo da terra, nos túneis, e o texugo ficava em cima da terra, com um tufo de pelos enfiado no buraco. A partir dele, muito, mas muito leite saía pra dentro dos túneis, e os animais menores ajudavam a controlar o caminho do leite até o filhote.


Era parecido com essa raposa cinzenta.

O filhote, que era macho, cresceu, e viva na beira de um lago cheio de algas verdes e plantas. Mas o lago parecia um tapete de tanta planta! Eis que surge uma fêmea, e começa a brigar com o macho porque ele só usou ela, agora ele não quer saber dos filhotes, ela foi traída, essas coisas. Eles brigam e o macho joga ela no lago, que acaba morrendo afogada.

Então eu era eu mesma de novo, usando roupas de inverno, com a Carol e um monte de gente no centro de Curitiba, no jardim botânico, que era mistura de praça Osório com praça do Japão. Lá, entre os canteiros de flores havia muitos bolos, doces, quase um café colonial, que pos turistas iam e comiam. Tudo de graça, por eram as próprias flores que produziam.Eu peguei um pedaço enorme e delicioso de bolo recheado com creme de sorvete de morango e cobertura de confete e resolvi ir pro Sítio Cerdado.

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